Qual a sua emergência?

Um passado trágico, uma luta por décadas contra as criaturas da noite, aprendendo todo tipo de conhecimento para poder enfrenta-los, treinando incessantemente para superar os limites mortais de um simples humano...

Dezenas, talvez centenas deles tenham morrido pelas ações implacáveis de Von Klaus, um nome de destaque em sua ordem, mas que também gerou bastante inimizades, sejam das criaturas ou mesmo colegas humanos.

Seu trabalho mais importante foi perseguir e enfrentar Lorde Strigoi, um poderoso vampiro, provavelmente um puro sangue muito antigo. A batalha foi feroz e estava tão acabado quanto o vampiro. Em um gesto de desespero, no momento que seria atacado, sacrificou sua vida para exterminar aquela praga. Tudo ficou escuro e silencioso.

- Aqui, aqui! Achei ele!

Disse uma voz distante e uma luz ofuscante começou a brilhar cada vez mais próxima. Os passos foram aumentando também de volume e as vozes mais claras.

- Chamem os paramédicos, oficial ferido!

Von Klaus estava zonzo, cabeça doendo muito e seu corpo dolorido. Quando sua visão começou a recobrar, percebeu que estava em um quarto abandonado coberto por entulho. Vagamente se lembra de estar perseguindo, brigando... um bandido? Vampiro? Não, era um bandido, um traficante...

Seus colegas de farda logo chegam para lhe socorrer, tirando as coisas de cima, inclusive o suspeito que brigou com você. Olhando pra cima, consegue ver o teto que cedeu, quebrou com a luta dos dois.

- Ei, consegue me ouvir? Esta machucado?

Disse o policial para você e logo depois gritou para o corredor, perguntando onde estava o socorro.

Seu corpo estava dolorido, ainda podia sentir como se tivesse sido perfurado pela arma que matou Lorde Strigoi, contudo estava intacto, pelo menos no peito. Pernas e braços estavam mais doloridos e cabeça escorria um pouco de sangue, afinal haviam caído do andar de cima e feito aquele buraco. Sorte sua, azar do bandido, que teve o peito fincado por escombros.

Os paramédicos vem correndo com a maca, procedimento padrão para ferimento na cabeça, o colocando deitado e prendendo na tábua. Era o porão de uma edificação e ao sair havia luzes fortes ofuscando em intervalos, parecia o brilho de um circulo arcano sendo conjurado. Não, era um dos carros da guarda imperial mesmo. Policia, policia...

Foi levado ate a carruagem... ambulância e quando foi preso a maca as portas se fecharam, se colocando em movimento. Um dos homens que ficou a seu lado pegou um pequeno tubo de metal preto e fez uma magia de luz em seus olhos, lhe ofuscando, enquanto falava.

- Sabe dizer onde estamos?

Perguntas idiotas, qualquer um saberia dizer que era o Reinado...

Estava totalmente tonto, as lembranças estavam todas embaralhadas não conseguindo definir exatamente o que ocorreu. Ora lembra de vampiro ora de um traficante, enfim, parece que estou vivo e estão me ajudando.

Porém tudo é muito estranho, nada faz sentido, ainda mais a pergunta que me fazem.

"Onde estou? Isso é fácil de responder....é o Reinado...porém está diferente..."

- Estou no reinado meu jovem, cof cof cof, provável que seja nas redondezas de Valkaria....

O homem a sua frente olha surpreso, espantado e então fala com o outro que estava a frente na carruagem:

- Ele esta com uma concussão, avisa a central pra preparar a tomo.

Terceira tomo em menos de dois anos, se continuasse naquele ritmo o pessoal da RH ja tinham lhe avisado que poderiam aumentar o valor do seguro e plano de saúde.

Aquela carruagem sacudia de mais, podia sentir que estava indo rápido, bem mais rápido do que os cavalos que estava acostumado. Foram poucos minutos, mas a carruagem parou e as portas se abriram.

Um enfermeiro entrou para ajudar o paramédico a soltar a maca e o desceram, o residente pegou a prancheta e começou a conversar com o paramédico para saber. Não era a primeira vez que dava uma volta de maca adentrando no hospital, por sorte haviam poucos naquele momento.

O levaram pelos corredores, parecia uma masmorra, cheio de voltas e portas, até que chegou num local que parecia uma sala de tortura, havia um aparato metálico grande.

- Senhor Becker, vamos começar, vai levar alguns minutos, tente não se mexer.

O que estava ocorrendo? Onde estava sendo levado? Que aparatos metálicos são esses? O que pretendem fazer comigo?

Enquanto era levado para dentro daquele lugar sua mente não parou um instante, pois não sabia o que estava ocorrendo e nem o que iriam fazer contigo. Tinha a sensação de que não era a primeira vez que estava naquele lugar, devido a forma como estavam falando comigo, porém a minha memória não estava ajudando em nada.

No momento em que falam para tentar não se mexer, fico ainda mais impaciente, querendo sair o quanto antes daquele lugar e seguir minha vida.

O que estava ocorrendo? Onde estava sendo levado? Que aparatos metálicos são esses? O que pretendem fazer comigo?

- Fique calmo, fique calmo, é so um exame de rotina.

Você percebe que o homem estava com a mão sobre seu peito para não lhe deixar se levantar e ao lado se aproxima outros dois, um segurando seus braços e outro aplicando uma injeção. Mesmo tentando lutar, tudo começa a girar e você acaba por desmaiar.

Em sua mente você tem estranhas visões, carros correndo, tiros sendo disparados pela policia, um homem todo enfaixado usando casaco e calça jeans sozinho brigando com os policiais usando apenas ataques físicos mas que nada condiziam com aquele mundo, parecendo ser a prova de balas e virando carros como se fossem caixas de papelão, fazendo-o imediatamente se lembrar de Arton. O homem se virou para você e fez um gesto.



Após isso você acorda. Esta claro, de dia ja, esta deitado em uma cama em um quarto, usando apenas um avental. Ao seu lado estão algumas flores, pelos cartões e dizeres são de colegas preocupados com o que aconteceu. Esta sozinho, a cabeça dolorida, mas os pensamentos estão mais calmos e mais claros. De alguma forma você percebe melhor: você é tanto Gustav von Klaus, exímio caçador de vampiros, quanto Gregor Becker, um policial de Nightcity.

Felizmente já estava bem melhor, porém aquela vestimenta não era nada agradável, enfim, o importante é que os pensamentos já estavam mais claros, havia sido medicado e, literalmente, pronto para outra.

Porém após ler as cartas, começo a me lembrar ainda mais e falo comigo mesmo:

- Como isso é possível? Sou duas pessoas em mundos diferentes?