Nessa nova "condição", tempo é o que parece ser o elemento mais irrelevante e em contrapartida mais precioso que permeia seus ares. O tempo que perdera na companhia dos seus amigos de batalhas e aventuras, o Curto tempo de vida - essa fagulha divina - que lhe foi extirpado e foi tirado dos seus. O tempo que resta, se é que ainda resta, para encontrar sua família ou o que sobrou dela. O tempo que está enclausurado, à mercê do próprio tempo, no aguardo de que ele mesmo te traga uma oportunidade para se libertar e re-desbravar o mundo.
Aliás o Mundo...
Que ano estamos? O que será que aconteceu? Será que os seus algozes têm algo a ver com o que lhe aconteceu? De sua cela, você não percebe muito do exterior dela, como se está de dia ou de noite, ou a mudança das estações, de forma que fica difícil mesmo marcar algo, ou ter uma referencia. Aqui é sempre escuro, sempre na mesma temperatura, Sempre o mesmo cheiro de medo e agonia passando pelos corredores. Mas o barulho lá fora é constante, se assemelha a uma cidade bem movimentada num dia de feira. Aliás, aqui parece que todos os dias são de feira. De vez em quando, um ou outro vem observá-lo, mas você não vê muito deles.
Tem estado calmo ultimamente, sem tortura, sem testes, sem interrogações, nada. Nem vozes. Nem passos. Nem criaturas estranhas gritando. Nem sons de objetos vítreos sendo deliberadamente derrubados do que você se acostumou a achar ser uma estante ou uma mesa. Sem o tilintar aflitivo das chaves se aproximando... Simplesmente paz....
Quando você começa a ficar absorto em pensamentos, eis que ouve passos. Os pés são ligeiros, aparentemente leves. Eles vêm acompanhados do tilintar mas, espere: tem muito menos chaves aí! Talvez uma ou duas. Uma batida seca na porta... e uma voz peculiar:
- Ei, você está aí?
Pouco depois, a porta abre e entra alguém com um brilho em uma das mãos, esse brilho o impede de destiguir o que há por trás dele, porque imediatamente o brilho se mostra ser um globo flutuante de luz com vontade própria e se interpõe entre você e a pessoa. Ela prossegue:
- Fui convocada para uma missão pelo Zulkir da Necromancia em pessoa, não posso falhar. Falta-me uma companhia, então permitiram que eu fosse com você. Vou te soltar, mas você precisa se comportar. Do contrário, nunca mais verá sequer o brilho de Lathander lá fora!